CÂMARA DE VEREADORES
Vereador bolsonarista tumultua sessão após carta assinada por “mulheres do PT”
Sargento Prates pediu vistas contra projeto de lei de Franklin Schmalz que institui campanha “A Rua é Pública, Meu Corpo NÃO!”
DOURADOS INFORMA
O vereador bolsonarista Sargento Prates (PL) causou tumulto na sessão da Câmara de Dourados nesta segunda-feira (12) ao apresentar pedido de vistas para tentar barrar a votação do projeto de lei nº 042/2025, que institui a Campanha “A Rua é Pública, Meu Corpo NÃO!”, de caráter permanente e de conscientização e enfrentamento ao assédio sexual e demais crimes contra a dignidade sexual e de todas as formas de violência sexual contra mulheres.
De autoria do vereador Franklin Schmalz (PT), o projeto já havia sido aprovado em primeira discussão, inclusive com o voto de Sargento Prates. Na sessão de ontem, antes da segunda e última votação, Franklin leu em plenário uma carta de apoio ao projeto, assinada pelo coletivo “Mulheres do PT”.
A citação ao Partido dos Trabalhadores foi motivo suficiente para o sargento reformado do Exército subir à tribuna e pedir vistas ao projeto. Entretanto, a manobra dele foi rechaçada e criticada pelos demais vereadores.
“O vereador lê aqui uma carta de mulheres do PT, toda pureza cai por terra e só se vê um cunho ideológico, e cunho ideológico não vamos votar. Vou pedir vistas para analisar melhor esse texto e qual a intenção nessa lei. O que eu quero é uma lei para proteger nossas mulheres, mas é para proteger nossos homens também. O abuso sexual não tem sexo. Pessoas homossexuais, pessoas trans, também cometem abuso e fica sempre em evidência a figura do homem, como se fosse sempre o homem o provocador do estupro, e nem sempre é verdade”, disse Sargento Prates, na tribuna.
“Quando ele colocou essa carta de ‘mulheres do PT’ ele tirou meu voto”, completou o militar da reserva. Prates é conhecido por imitar o deputado federal Gilvan da Federal (PL-ES) e frequentar as sessões da Câmara com a bandeira do Brasil no ombro.
Após essa fala, Sargento Prates foi rebatido por todos os vereadores que usaram o tempo para discutir o pedido de vistas. “Não podemos aceitar pedido de vistas a um projeto que está criando políticas públicas para combater a violência contra a mulher. Nós clamamos por isso diariamente, não podemos deixar de votar por questões políticas”, disse o vereador Inspetor Cabral (PSD).
“Não estamos aqui discutindo valor de partido, estamos discutindo o valor de uma vida”, afirmou a presidente da Câmara, Liandra Brambilla (PSDB). “Qual a diferença entre mulheres e ‘mulheres do PT’, elas também não são mulheres?”, questionou o vereador Rogério Yuri (PSDB).
“Você leu uma carta de mulheres ou uma carta de mulheres do PT?”, questionou Prates ao se dirigir ao autor da lei. “Se for uma carta de mulheres eu retiro o pedido de vistas. Se for carta de mulheres do PT, eu mantenho”. Franklin se recusou a responder e disse que falaria no seu “momento de fala”.
“Por que vai retirar? A carta é das mulheres do PT, mas a lei é para todas as mulheres”, afirmou Rogério Yuri.
Sargento Prates voltou a discursar e disse que a votação do projeto, da forma como foi apresentado, seria uma “vitória das mulheres do PT” e não de todo o público feminino. O vereador ainda reclamou com a presidente da Câmara, alegando que todos os colegas extrapolam o tempo de fala enquanto ele tem seu microfone cortado por exceder o limite de discurso que cada um tem a cumprir.
Ao final da discussão, o projeto foi aprovado por 20 votos a 1. Prates foi o único a votar contra. Nem mesmo seus companheiros de partido o seguiram na votação.
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