Com mandato considerado “apagado” na região onde foi eleito, o deputado estadual Renato Câmara (MDB) torrou R$ 261.444,12 em verba indenizatória nos cinco primeiros meses de 2025. Nessa modalidade, o parlamentar banca as despesas e apresenta as notas fiscais para ser ressarcido pela Assembleia Legislativa. A verba indenizatória é mais uma benesse garantida a parlamentares brasileiros, de vereador a senador.

De acordo com levantamento feito pelo Dourados Informa com base em informações do portal da transparência da ALEMS, Renato Câmara gastou R$ 55.896,76 em janeiro; R$ 47.546,19 em fevereiro; R$ 54.386,57 em março; R$ 51.984,84 em abril e R$ 51.429,76 em maio.

Entre os principais destinos da verba indenizatória estão gastos com consultorias e divulgação das atividades parlamentares, que somam juntos quase R$ 145 mil no período. Só com combustíveis, o deputado utilizou mais de R$ 34 mil, mesmo com atuação considerada tímida na Assembleia e na região de Dourados.

Chama atenção o valor aplicado em “divulgação da atividade parlamentar”, que chegou a R$ 19 mil só no mês de maio — o maior patamar registrado no ano. O investimento elevado nessa área reforça a hipótese de que Renato Câmara estaria em campanha antecipada visando a reeleição em 2026, na esteira da legenda do MDB.

Mês a mês

No primeiro mês do ano, só com “Consultorias, Assessorias, Pesquisas e Trabalhos Técnicos”, foram R$ 34,2 mil. Outros R$ 10,5 mil foram gastos com “Imóvel de Apoio à Atividade Parlamentar (aluguel, condomínio, IPTU, água, telefone fixo e/ou móvel, energia elétrica)”.

Outros R$ 5,2 mil foram gastos com “Locomoção do Parlamentar, de secretários e adjuntos parlamentares (passagens, locação de meios de transporte, hospedagem, alimentação).

Em fevereiro, Renato Câmara torrou R$ 23,2 mil com “Consultorias, Assessorias, Pesquisas e Trabalhos Técnicos”; R$ 6,3 mil com “Divulgação da Atividade Parlamentar” e R$ 4,1 mil com “Aquisição ou Locação de Software, serviços postais, assinatura de publicações, TV a cabo ou similar, acesso a internet e locação de móveis e equipamentos”.

No mês de março, o gasto com “Aquisição ou Locação de Software, serviços postais, assinatura de publicações, TV a cabo ou similar, acesso a internet e locação de móveis e equipamentos” consumiu R$ 11,6 mil.

Outros R$ 6,5 mil foram com “Combustíveis e Lubrificantes” e R$ 12,7 mil com “Consultorias, Assessorias, Pesquisas e Trabalhos Técnicos”. Já a modalidade “Divulgação da Atividade Parlamentar” consumiu mais R$ 9,3 mil, além de R$ 7,3 mil com “Imóvel de Apoio à Atividade Parlamentar (aluguel, condomínio, IPTU, água, telefone fixo e/ou móvel, energia elétrica)”. Já os gastos com “locomoção do parlamentar” foram de R$ 6,2 mil.

Em abril, mais uma vez Renato Câmara rompeu a barreira dos R$ 50 mil de gastos, sendo a maior parte (R$ 23,2 mil) em “Consultorias, Assessorias, Pesquisas e Trabalhos Técnicos”.

No mês seguinte, a gastança superior a R$ 50 mil continuou. Foram R$ 19,1 mil apenas com “Divulgação da Atividade Parlamentar”.

Veja abaixo os fornecedores que mais receberam do gabinete do deputado:

SALTI DESIGN LTDA lidera o ranking, com R$ 26 mil recebidos em cinco meses, seguida por Marília Galvão (R$ 25 mil) e Fernanda de Mello (R$ 20,3 mil). Todas prestaram serviços de comunicação ou consultoria.

Além disso, o deputado utilizou mais de R$ 34 mil em combustíveis, mesmo sem uma agenda ativa ou frequente em eventos públicos na região. Também foram pagos R$ 22,6 mil à empresa Gold Rent a Car para locação de veículos entre janeiro e maio.

Ex-prefeito de Ivinhema, onde iniciou sua carreira política, Renato Câmara mudou domicílio eleitoral para Dourados, onde disputou a prefeitura em 2016. Atualmente se declara como representante político da maior cidade do interior de Mato Grosso do Sul, mas sua atuação é questionada.

Analistas políticos afirmam que devido à atuação tímida durante o mandato, Renato Câmara sonha em se reeleger para outro mandato em 2026, beneficiado pelo voto de legenda, já que o MDB deverá ter dois nomes de peso na disputa por vaga na Assembleia Legislativa: o deputado estadual Junior Mochi e o ex-governador André Puccinelli.

O Dourados Informa procurou o deputado Renato Câmara através do aplicativo WhatsApp, para saber a posição dele sobre os gastos, mas ainda não recebeu resposta. O espaço segue aberto.